A demanda por carne de cordeiro tem crescido a passos largos no País. Só no Paraná, são terminados por ano entre 20 mil e 23 mil animais. Porém, a oferta não tem dado conta de abastecer o mercado. Um dos motivos desse desequilíbrio é a falta de organização do setor produtivo que não consegue potencializar mais a atividade. Este foi um dos assuntos discutidos no III Simpósio de Ovinocultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL) realizada de 20 a 22 de outubro, em Londrina (PR).
O evento foi organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Ovinocultura (GPPO), ligado ao departamento de zootecnia da UEL. A zootecnista Lívia Galiano Mangilli, vice-coordenadora do evento, explica que o objetivo do encontro foi difundir novas tecnologias da ovinocultura para produtores e estudantes e falar da atual situação do setor produtivo. Um dos focos, segunda ela, foi mostrar que é possível padronizar os sistemas de produção para que haja escala para abastecer as necessidades do mercado.
Para sincronizar os sistemas produtivos, a zootecnista explica que o criador precisa adotar uma série de medidas. A primeira delas é sintonizar a estação de nascimento e abate de animais. A segunda, sugere Lívia, é planejar a nutrição dos ovinos para estabelecer parâmetros de tempo de abate. Para isso, o produtor precisa de mais apoio na área de assistência técnica.
Com um plantel de 400 animais, a criadora de ovinos, Carla Bompiani Dancora, esta há 12 anos na atividade. Ela afirma que o mercado segue aquecido, mas falta organização por parte do setor produtivo. “Quem tem animais não sabe para quem vender e quem compra não sabe de quem comprar”, observa. Carla trabalha com sistema de venda direta, ou seja, abate em um frigorífico próximo à sua propriedade, mas cabe a ela comercializar a produção.
Segundo a criadora, a criação de associações ou cooperativas pode ajudar o produtor a conquistar diferentes nichos de mercado e, assim, ter clientes fidelizados. “Muitas vezes o mercado quer um volume muito grande e não podemos atender”, salienta Carla. Por outro lado, ela revela que muitos ovinocultores têm medo de ampliar a produção e não dar conta de atender o mercado. Além disso, ela reclama que há poucas linhas de financiamento para o setor.
O diretor de ovinocaprinocultura da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho, explica que o setor melhorou muito com as cinco cooperativas que trabalham com carne de ovinos no Estado. Porém, afirma que muitos produtores do Paraná ainda não assumiram o compromisso com as cooperativas. “Às vezes o ovinocultor vende direto para o mercado para receber um pouco mais, o que não vale a pena porque desestrutura o setor”, diz.
Com informações da Folha de Londrina.