Presidente da ASPACO por sete anos, diretor administrativo e patrimônio da ABCOS, vice-presidente da ARCO, vice-presidente do NCO de Araçatuba, secretário adjunto de Desenvolvimento Agroindustrial de Araçatuba, proprietário do Philomena restaurante. Os cargos são muitos e ajudam a definir um pouco de Arnaldo dos Santos Vieira Filho, um administrador de empresas com os pés nos campos de manejo, onde atua usando toda sua inteligência e habilidade administrativa. Durante e a 30ª Expovelha, em 2017, ele recebeu a homenagem de “Ovinocultor em Destaque”.
Nome: Arnaldo dos Santos Vieira Filho
Idade: 55 anos
Local de nascimento: Araçatuba (SP)
Local onde vive: Araçatuba (SP)
Formação: Administração de Empresas
Como recebeu a homenagem de “Ovinocultor em Destaque” da ASPACO?
Eu agradeço a ASPACO pela lembrança, com tanta gente boa eu fico feliz com a homenagem.
Como iniciou sua trajetória na ovinocultura?
Meu pai já criava ovinos para consumo, mas em 1999 eu iniciei minha criação de forma empresarial, utilizando o incentivo do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP), no qual compramos matrizes comerciais na Expovinos, que na época estava na terceira edição. A partir daí, passei a fazer parte do Núcleo de Criadores de Ovinos (NCO) de Araçatuba.
Assumi a presidência do núcleo em 2000, em 2003 fui convidado para ser vice-presidente da ASPACO, mas 2005 fui eleito presidente da associação, cargo que permaneci até 2012. Em 2006 fui responsável pela criação da Câmara Setorial Especial de Caprinos e Ovinos do Estado de São Paulo e a presidi até 2012. Atualmente, sou vice-presidente da ARCO desde 2007, sou membro da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos e vice presidente do NCO de Araçatuba.
Você é considerado um exímio executivo da ovinocultura. Na sua opinião, qual o caminho para o ponto de virada da ovinocultura?
Não tem milagre. É uma atividade pecuária que o próprio mercado diz o que fazer. É um mercado pujante, crescente e pedindo carne de qualidade. Portanto, é uma questão de se capacitar e buscar assistência técnica. A extensão rural é uma política pública importante, que o País precisa chegar lá. Existem alguns planos e projetos, como o Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos, que é uma importante ferramenta para exportação de genética.
A dedicação do produtor, a determinação e capacidade de mão de obra são os pontos mais fundamentais para atender o nosso mercado, com o produto de qualidade que a gente faz. Na minha opinião, conseguimos produzir um animal jovem e com sabor inigualável, em relação a outras partes do mundo.
Qual a sua opinião sobre o CCP e como ele tem contribuído para a ovinocultura?
O CCP é uma espelho da produção. Além de congregar os criadores, ele dissemina técnicas para produzir cordeiros de excelente qualidade, com giro rápido, mostrar a importância da genética na criação. Eu sou suspeito, porque junto com o Gustavo Martins Ferreira, que começamos a introduzir o CCP em 2002. No início acontecia na minha propriedade e depois passamos para a Unesp.
Edificamos para ter uma lisura nos resultados e a prova tem uma dimensão internacional. Eu gostaria que o Brasil pudesse olhar com mais atenção para esse prova, ver o significado disso tudo. O campeonato dá uma contribuição muito importante para a ovinocultura brasileira: comparativos de raças, acabamento de carcaça, precocidade, ganho de peso diário, enfim tudo que o CCP nos proporciona.
Qual importância das feiras e seus julgamentos para a ovinocultura?
As feiras são extremamente importantes para que os criadores tenham parâmetro da sua genética, adiquir animais de ponta, observar os criatórios, ou seja, é uma vitrine, que congrega os produtores e não pode acabar. A gente sabe que o custo desses eventos impacta no custo da propriedade, ao mesmo tempo, divulga a raça, a cabanha, seus animais. São eventos que jamais podem sucumbir, eles podem mudar de formato, mas o intuito de estar comparando, observando e adquirindo animais é fundamental. Sem esses eventos, não há atividade pecuária, seja na ovinocultura e até na bovinocultura.
O que a ASPACO pode fazer para contribuir ainda mais para o fortalecimento da ovinocultura em São Paulo?
A ASPACO contribui muito e sempre contribuiu para o crescimento e desenvolvimento da ovinocultura paulista. A ASPACO sempre lidou com responsabilidade, nunca teve prisma de comércio para se beneficiar. Sempre esteve ao lado do produtor e com produtor, mostrando o que é e o que não é. Os criadores que querem dar certo precisam ouvir os técnicos da ASPACO e as diretrizes da associação.
A ASPACO tem responsabilidade para com os criadores. Ela nunca vai abandonar e deixar de falar a verdade para o produtor. Essa é a maior contribuição que podemos dar. Eu tenho certeza que nas mãos do presidente Chico isso é muito eminente, isso é muito forte dentro da simplicidade com que ele toca a ovinocultura, com o pé dentro propriedade, auxiliando os pequenos produtores, voltando os projetos de dias de campo, de pequenos leilões. Essas são as ações que fortalecem o produtor.
Possui outra atividade? Qual?
Tenho sim outras atividades. Propriedade rural, produção de cana e de bovinos. Também tenho um restaurante a la carte, em Araçatuba, o Philomena, que tem um ambiente modesto, mas aconchegante, onde eu tenho especialidade na carde de cordeiro, entre outras carnes de boa qualidade. É um grande atrativo, mais de 50% dos pratos são elaborados com carne de cordeiro. Atualmente, também estou a frente da Secretaria de Desenvolvimento Agroindustrial de Araçatuba, como secretário adjunto.
Você deseja acrescentar alguma coisa?
O ovinocultor precisa ter uma mentalidade associativista, tem que buscar a associação, buscar ajuda, porque juntos seremos fortes. É uma atividade de giro rápido, que permite viabilizar pequenas áreas de produção, evidente que quanto maior a escala, maior o ganho efetivo, mas o associativismo é grande sacada.
É preciso que os criadores olhem com mais atenção para a ASPACO, que façam parte disso, que ajudem a atividade crescer, que não queiram entrar na associação apenas para extrair, mas para contribuir, que estendam os braços para os companheiros, para fazermos uma ovinocultura paulista muito forte. Temos já o Projeto Cordeiro Paulista, no qual podemos produzir a melhor carne de cordeiro do Brasil e certificar isso, mas precisamos estar juntos e fortes.
Texto originalmente publicado na revista “O Ovelheiro”, da ASPACO.