O Congresso chileno modificou a legislação e, a partir de agora, impede a importação de carne ovina de países com status de livre de febre aftosa com vacinação. Isso provocou surpresa entre as autoridades sanitárias do Uruguai. “Isso nos surpreende e cremos que os motivos são outros, não sanitários, mas sim, de caráter comercial protecionista. Foi uma mudança de 180 graus no que vínhamos negociando”, disse o diretor de Serviços Pecuários do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Francisco Muzio, em uma entrevista publicada pelo jornal El Observador.
No final de 2013, após as negociações entre as autoridades sanitárias de ambos os países, o Chile aprovou a entrada de carne ovina uruguaia com e sem osso, o que provocou a reação imediata dos produtores ovinos daquele país, que alertaram sobre os riscos sanitários que implicava a medida e também protestaram porque prejudicava os pequenos produtores, que se dedicam principalmente ao setor ovino.
Em resposta aos protestos, os políticos chilenos tomaram medidas para reverter o acordo comercial. “Isso não era o que tínhamos combinado com as autoridades sanitárias chilenas. Quando nos deu autorização para exportação de carne ovina com e sem osso, esse problema não tinha surgido”, disse Muzio. Com essa modificação, o Chile apela a algo que fazem os países livres de febre aftosa sem vacinação, como a União Europeia (UE), Israel, México ou Estados Unidos: não deixar entrar carne ovina com osso.
Ele disse que a decisão chilena não levou em conta que o Uruguai, além de ter status livre de aftosa com vacinação, não emprega vacinação para animais da espécie ovina. “O país provou durante muitos anos que não tem atividade viral”. Muzio disse ainda que se comunicará com as autoridades sanitárias chilenas, porque havia negociações em andamento. “O Chile era o país do Cone Sul com o qual tínhamos contato menos frequente e havíamos iniciado um caminho de negociação. Em março haverá mudança de autoridades, o que abre uma expectativa”.
Com informações do jornal uruguaio El Observador.